quinta-feira, 13 de maio de 2010

terça-feira, 11 de maio de 2010



Para participar neste concurso, sentimo-nos motivadas porque… 
Tínhamos uma grande vontade de continuar a imortalizar o “amor impossível e eterno” personificado por estas duas figuras da nossa história e salientar o facto de se tratarem de duas figuras reais e não ficcionais como por exemplo “Romeu e Julieta”;
-      Gostamos de leitura e da escrita;
- Quisemos dar continuidade ao estudo iniciado no 9º ano – o episódio de Inês de Castro presente no Canto III de “Os Lusíadas”.
- Tivemos vontade de apresentar Dona Inês de Castro como uma mulher com uma grandeza interior e com muita emotividade, valorizando-a como mãe e enaltecendo o sentimento do amor;
- Também nos motivou o facto de ser um trabalho que implicasse as novas tecnologias – construção de um blogue - e dessa forma proporcionar-nos uma abordagem diferente do tema;
- Por último, o prémio também nos motivou.

Na construção do blogue, preocupámo-nos com diversos aspectos, nomeadamente em respeitar as indicações do regulamento; ter cuidado com a linguagem; tentámos criar um blogue dinâmico que facilitasse o acesso à informação mais pertinente e correcta sobre D. Inês e D. Pedro. Procurámos cativar, servimo-nos para concretizar esse objectivo de imagens, vídeos e músicas que, quanto a nós, fossem sugestivas e transmitissem a “imortalidade” deste par amoroso. Preocupámo-nos ainda em criar um espaço apelativo para todas as faixas etárias.

O que nos proporcionou a participação neste concurso?
Grandes momentos de partilha e cumplicidade entre nós as três e obviamente um maior conhecimento do tema não só no seu tratamento literário, mas alargado a outras áreas do saber, como a história, o cinema, a escultura ou a dança. Não podemos esquecer que desenvolvemos as nossas competências no domínio das novas tecnologias.

No final…
     Gostámos desta experiência. Ficámos satisfeitas com o nosso trabalho, embora sintamos que há sempre muito para dizer sobre este tema que nunca se esgotará porque é IMORTAL.
     A atribuição do 1º prémio foi para nós muito compensador.

Agradecimentos:
Escola E.B. 2, 3/S Professor Mendes dos Remédios - Nisa;
Professora Célia Flores;
Professora Bibliotecária: Maria João Biscaia;

quinta-feira, 1 de abril de 2010

quarta-feira, 10 de março de 2010




Uma imagem vale bem mais que mil palavras!
"Inês de Castro, a época e a memória"

Autores: Ana Paula Torres Megiani e Jorge Pereira de Sampaio
Edição: Almeida



"Mensagem de Inês de Castro"

Autor: Francisco Ramacciotti


Livros




"A Rainha Morta e o Rei Saudade"

Autor: António Franco                      Editora: Ésquilo


"O julgamento de Inês de Castro"

Autor: Artur Pedro Gil





"O amor pode vencer a morte... Inês de Castro"

Autor: Faustino da Fonseca                  Editora: Fronteira do Caos



"Uma Aventura na Quinta das Lágrimas"

Autoras: Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada              Editora: Editorial Caminho




"Linda Inês"

Autor: Armando Martins Janeira




"Inês de Castro" 

Autor: María Pilar Queralt del Hierro.
  

Fundação Inês de Castro

<><>
<>
Apresentação:
         A Fundação Inês de Castro formalmente criada no dia 7 de Janeiro de 2005, dia em que se comemoram 650 anos sobre a sua morte, tem como objectivo a investigação e divulgação da história, da cultura e da arte relacionadas com a temática Inesiana, a promoção e apoio a estudos e actividades culturais centradas em Inês de Castro, a sua época ou épocas mais próximas deste mito e proporcionar o aparecimento de novos valores culturais.



          A Fundação tem a sua Sede em instalações da Quinta das Lágrimas, em Coimbra, um local que a história e as memórias associam a Inês de Castro e ao drama por ela vivido. A Sociedade Quinta das Lágrimas,  detentora dos terrenos e Hotel Quinta das Lágrimas,  doou à Fundação, em regime de Comodato,  os terrenos onde se integram os locais históricos, jardins, encosta e mata, e que constituem parte do seu património.
          Fazem parte do Conselho Geral da Fundação personagens portuguesas de alto relevo nas áreas da História, Artes Plásticas e Literatura, do Ambiente e da Paisagem, da Política e também Presidentes e membros de Fundações Culturais, para além dos membros da Sociedade e personalidades ligadas à família dos anteriores proprietários

in http://www.fundacaoinesdecastro.com/

Cinema

"Inês de Castro"

José Leitão de Barros em 1944 realizou o filme "Inês de Castro".

"Inês de Portugal"

Este filme é de 1999, de José Carlos de Oliveira.


"Inês de Castro"

1968, teleteatro com Cacilda Becker.


Mais filmes

"Inês de Castro" de Leitão de Barros
"Inês de Castro" de John Clifford, BBC/RTP 9/5/92, Bib Hird
"Inês de Castro" de Artur Ramos, RTP

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Ignez de Castro, morta, foi Rainha!
Desenterrada, a dama, com respeito,
alevantada ao trono, já não tinha
o forte amor, que alguém quis ver desfeito.


Sofrida pela espada sem bainha,
com flores brancas, postas sobre o peito,
fez chorar Pedro: - Culpa já não tinha...
Ressurreição? Tentou! Não teve jeito!


Acção cruel, plantou a flor da dor...
O gesto incrível fez ver fronte pura...
Memória eterna louva todo o amor.


Triste vingança : -Ver as secas rosas
sobre a donzela inerte, que segura...
Sem pulsações, as veias são chorosas.

MOTTA,Sílvia Araújo
http: //reacantodasletras.uol.com.br/sonetos/1453171
Inês morreu e nem se defendeu
Da morte com as asas da andorinha
pois diminuta era a morte que esperava
aquela que de amor morria cada dia
aquela ovelha mansa que até mesmo cansa
olhar vestir de si o dia a dia
aquele colo claro sob o qual se erguia
o rosto envolto em loura cabeleira
Pedro distante soube tudo num instante
que tudo terminou e mais do que a Inês
o frio ferro matou a ele
Nunca havia chorado é a primeira vez que chora
agora quando a terra já encerra
aquele monumento de beleza
que pode Pedro achar em toda a natureza
pode Pedro esperar senão ouvir chorar
as próprias pedras já que da beleza
se comovam talvez uma vez que os humanos corações
consentiram na morte da inocente Inês
E Pedro pouco diz só diz talvez
Satanás excedeu o seu poder em mim
deixem-me só na morte só na vida
a morte é sem nenhuma dúvida a melhor jogada
que o sangue limpe agora as minhas mãos cheias de nada
ó vida ó madrugada coisas do princípio vida
começada logo terminada

BELO, Ruy
Antes do fim do mundo, despertar,
Sem D. Pedro sentir,
E dizer às donzelas que o luar
E o aceno do amado que há-de vir...

E mostrar-lhes que o amor contrariado
Triunfa até da própria sepultura:
O amante, mais terno e apaixonado,
Ergue a noiva caída à sua altura.

E pedir-lhes, depois, fidelidade humana
Ao mito do poeta, à linda Inês...
À eterna Julieta castelhana
Do Romeu português.

TORGA, Miguel

Http: //www.clube-de-leituras.pt
        Esta escultura Homenagem a Inês, da autoria de Camarro, encontra-se em Coimbra. Camarro é um escultor e pintor que nasceu em 1958.

camarro-art.com

A próxima escultura, em mármore branco, é de Carlos Eufémia.

Http: //carloseufemia-escultura.blogspot.com

Outras duas esculturas:

espigapinto.blogspot.com

jmiguelgoncalves.no.sapo.pt

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Obras

- "Linda Inês" (Tragédia ) de Armando Martins Janeiro
- "Inês de Castro" de Luís de Camões, episódio extraído do canto terceiro do poema épico " Os Lusíadas "
- "El episódio de Inês de Castro" en hos Lusíadas de Luís de Camões
Granada: Universidade de Granada, 1980, pag. 345 - 369
- "Inês de Castro - Ópera - Scena ed aria de Carl Maria Friedrich Ernst von Weber"
- "Inês de Castro" ( Teatro ) de Gondim da Fonseca
- "Inês de Portugal" - Ópera de Julien Duchesne
- "Adivinhas de Pedro e Inês " de Agustina Bessa Luís, Lisboa: Guimarães e Coimbra, 1983
- "Paixão, morte e glória de Inês de Castro" - conferência de Ludovina Frias Matos
- "Dona Inês de Castro" de Mexia de la Cerda
- "Eccos que o clarim da fama dá: Pustilhão de Apollo, de José Ângelo Morais. Lisboa, 1761 - 1762
- "La reine morte" de Henry de Montherlant
- "L´Inês de Camões" - de Adrien Rorg
- "Ignez de Castro". Iconographia História Litteratura" de Aníbal Fernandes Tomás, Lisboa, Typograghia Castro Irmão, 1880
- "Inês de Castro" de Fernando Henriques Vaz
- "Mas pesa El-rey que la sangue..." de Luís Velez Guevara, Madrid, 1857-1858
- "Inês de Castro na Ópera e na coreographia italianas" de Manuel Pereira Peixoto de Almeida, Lisboa, 1908. Typographia Castro Irmão.
- "Bibliografia Inesiana" de Joaquim de Araújo, Pisa1897, Tipografia de F. Mariotti.
- "Inês de Castro na Literatura Portuguesa" de Maria Leonor Machado de Sousa.
- "Camões and Inês de Castro" de Frank Pierce, Separata dda revista Ocidente, Novembro de 1972.
- "O casamento válido de D. Inês de Castro" de Ségio Augusto da Silva Pinto, Porto 1961.
- Le personnage d'Inês de Castro chez ferreira, Velez de Guevara et Martherlant" de Claude Henri Fréches.
- "A Castro " de Júlio Dantas.
- "A Nova Castro" Tragédia, (Poesias dos melhores autores relativos à história de D. Ignez de Castro) de João Baptista Gomes Júnior.
- "A Castro" de Domingos Reis Quita (Ficções) Coimbra, França Amado.
- "Linda Inês " de Rocha Martins
- "Inês de Castro e Victor Hugo" de Roger Bismut
- "Inês de Castro. Contribuition à l'étude du dévelopement litteraire du theme dans les littératures romanes " de Suzanne Cornil, Bruxelles, Palais des Acádemies, 1952.
- "Echanges littéraires entre le Portugal et la France sur le théme d'Inês de Castro" de Adrien Roig.
- "Dona Inês e D. Sebastião na literatura inglesa" de Maria Leonor Machado de Sousa.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Outra música para Inês de Castro. Giuseppe Persiani - Cari Giorni

             Esta história de amor trágico foi fonte de inspiração para muitos artistas, de entre os quais, músicos. Este tema de Niccolo Zingarelli é dedicado a Inês de Castro, Quartetto.

domingo, 14 de fevereiro de 2010


              A Quinta das Lágrimas fica situada em Coimbra, perto do rio Mondego, e foi construída no século XIV. Anteriormente era conhecida como Quinta do Pombal e só adoptou o presente nome a partir do século XVIII.
               Na Quinta existe um palácio que foi construído no século XVIII, mas após a ocorrência dum incêndio foi reconstruído e agora apresenta uma arquitectura do século XIX.



               A Quinta das Lágrimas foi  testemunha do grande amor entre o príncipe D. Pedro e Inês de Castro. Foi na fonte dos amores que Inês de Castro morreu assassinada.
 

              Diz a lenda que foi na Quinta das Lágrimas que D. Inês chorou pela última vez, enquanto era trespassada pelos punhais dos fidalgos, a quem o rei Afonso IV ordenara a sua morte. As lágrimas então derramadas inspiraram Luís de Camões a criar o nome de Fonte das Lágrimas e Fonte dos Amores, e inspiraram muitos outros escritores a consagrar o amor eterno de Pedro e Inês. Diz-se ainda que o sangue de Inês corre naquelas águas, pois elas têm uma tonalidade avermelhada devido a certas algas que lá crescem.


     Os túmulos são de estilo gótico e feitos em calcário, e não se sabe ao certo quem foi o seu autor.

     Inês de Castro está representada com uma expressão tranquila, rodeada por anjos e coroada de rainha. A mão direita toca na ponta do colar que lhe cai do peito e, a mão esquerda, enluvada, segura a outra luva.
     Os temas que estão representados neste túmulo são: a infância e a paixão de Cristo, o calvário (lugar da crucificação de Jesus) e o Juízo Final.
     Pensa-se que D. Pedro, com a representação do Juízo Final, queria mostrar a todos que ele e Inês tinham um lugar no paraiso.


...


     D. Pedro I está também representado com uma expressão tranquila, coroado e rodeado por anjos. Segura o punho da espada na mão direita, enquanto que com a esquerda agarra a bainha.
    Os temas que estão representados neste túmulo são: a infância e o martírio de S. Bartolomeu, a Roda da Vida, a Roda da Fortuna e ainda a Boa Morte de D. Pedro.
     A Roda da Vida possui 12 edículas com os momentos da vida amorosa e trágica de D. Pedro e de D. Inês.
     Na leitura das edículas, feita no sentido ascendente e da esquerda para a direita, podemos observar:
  • Inês a acariciar um dos filhos;
  • O casal a conviver com os filhos;
  • Inês e Pedro jogando xadrez;
  • Os amantes em terno convívio
  • Inês subjugando uma figura prostrada no chão;
  • Pedro sentado num grandioso trono;
  • Inês apanhada de surpresa pelos assassinos de D. Afonso IV;
  • Inês a desmascarar um dos seus assassinos;
  •  A degolação de Inês;
  • Inês já morta;
  • O castigo dos assassinos de Inês;
  • D. Pedro I envolto numa mortalha.
Nas edículas interiores (a Roda da Fortuna), podemos observar:
  • D. Inês sentada à esquerda de D. Pedro (o que indica que ainda não estão casados)
  • O casal troca de posição (revelando assim o seu casamento)
  • D. Pedro e Inês sentados lado a lado parecendo um retrato oficial
  • D. Afonso IV a expulsar Inês do reino
  • Inês a repelir D. Afonso IV
  • Pedro e Inês prostrados no chão



                Quando D. Pedro chegou a Santa Clara e ouviu o sino da capela tocar, temeu o pior. Ecoava pela terra o toque dos finados, e só lhe restava rogar para que fosse em honra da abadessa. Mas os seus medos confirmaram-se mal ultrapassou o umbral da pequena igreja: Inês jazia, pálida e serena à luz de quatro círios que emitiam trémulas chamas. Ali, abraçado ao corpo da amada, permaneceu horas e horas sem que ninguém se atrevesse a incomodá-lo.

                Inês de Castro foi sepultada no pequeno cemitério conventual. D. Pedro exigiu então saber em pormenor como tudo se tinha passado. Para isso, indicaram-lhe D. Teresa Lourenço, uma jovem noviça que se preparava para professar e que tinha assistido à tragédia.

                Depois de ouvir a narrativa, o príncipe jurou, revoltado, que seria feito justiça. Para isso, exigiu a D. Teresa que entrasse para o seu serviço e esquecesse, até que os assassinos de Inês fossem castigados, a ideia de professar. Assim, encarregou-a de cuidar de seus filhos.

               A procura de justiça por parte de D. Pedro exigia sangue! Revoltou-se contra o pai, aclamando que um rei que se rodeia de assassinos não pode ser digno de governar Portugal.
 O país dividiu-se: na sua maior parte, os nobres permaneceram junto do monarca; o povo, emocionado pela paixão interrompida do príncipe, apoiou-o. D. Pedro declarou guerra ao pai.

              E com essa guerra, veio a fome. Além disso, chuvas intensas fizeram alagar os campos arrasados. A rainha D. Beatriz interveio, e em Agosto de 1355, a paz foi selada, apesar de Pedro nunca ter perdoado o rei.

Quando, em 1357, D. Afonso IV morreu, o filho não o chorou. A primeira coisa que fez ao ascender ao trono foi mandar capturar os assassinos de Inês. 
              Nesse ano, voltou a Coimbra para visitar os filhos que não via desde a morte da esposa. Encontrou-os a brincar com Teresa Lourenço, em quem tinham encontrado uma companheira devota.

              Foi então que a loucura e o desejo ardente por voltar a ver a amada deram os seus frutos: foi como se uma grande e espessa nuvem lhe toldasse a razão. Ao reparar nos cabelos loiros que ondulavam ao vento da ex-noviça, correu para ela chamando pelo nome de Inês. Estava cego de paixão, e nem a resistência de Teresa o demoveu...
 Mais tarde nasceu o pequeno João, que mais tarde seria aclamado Rei de Portugal, com o cognome de Mestre de Avis, e com ele se iniciaria uma nova dinastia.

             D. Pedro conseguiu capturar dois dos assassinos de Inês. Álvaro Gonçalves e Pedro Coelho foram brutalmente mortos em Santarém, numa execução pública

             Estava então cumprida a vingança! Em 1360, o Rei convocou as Cortes para Cantanhede e aí, na presença de todos os representantes do Reino, revelou o seu casamento secreto com Inês, a continuidade da linhagem e lembrou a todos o seu dever de honrar a memória da Rainha falecida.

            D. Pedro I decidiu, ainda, construir dois túmulos em Alcobaça: um para Inês e outro para si próprio.

 imagens:  Julgamento de Inês
               Inês de Castro - O Túmulo
              

Morte de Inês

     D. Afonso IV ia concluindo que era impossível apagar Inês da vida de Pedro. Aquela situação exigia medidas drásticas. Então, reuniu o seu Conselho em Montemor-o-Velho para analisar a atitude a tomar. A reunião constituiu num julgamento em que a culpada não esteve presente. No fim, decidiu-se pela execussão de Inês de Castro. Estavam presentes Pedro Coelho, Diogo Lopes Pacheco e Álvaro Gonçalves.

     Na manhã de 7 de Janeiro de 1365 os três homens, aproveitando a ausência do príncipe para as suas habituais caçadas, irromperam pelo Paço. Apresentaram-se como enviados de D. Afonso IV. Entre ditos e ameaças, pediram a D. Inês de Castro que regressasse a Castela com os seus, que levasse os filhos e que nem se despedisse de Pedro, pois ela constituía uma enorme ameaça para o Reino e, os filhos uma ainda maior. 

      Nessa altura, João, filho de Inês, saiu a correr em defesa da mãe. Então, um dos homens esbofetou-o, deixando-o a sangrar. A mãe fez frente aos intrusos. Pedro Coelho agarrou-a pelos pulsos e, insultando-a, atirou-a ao chão e desembainhou a espada.

Esta, respondeu:
«Podeis expulsar-me do País, podeis despojar-me das riquezas, podeis até matar-me. Mas nunca, ouvi-me bem, nunca podereis arrancar-me do coração do meu esposo! Ele ama-me com um amor que está muito para além do bem e do mal, da vida e da morte. Ficarei sempre, sempre, com ele. Viva ou como uma recordação. Não vou rogar por mim. Não espero a vossa misericórdia. Mas vou fazê-lo, isso sim, pelos meus filhos. Cumpri a vossa missão, mas salvai essas crianças. Não vos esqueçais que o sangue que lhes corre nas veias é também o de D. Afonso, vosso Rei.»


     Empunhando a espada, o homem acercou-se de D. Inês e descarregou a espada. Em segundos, o seu vestido ficou vermelho e no seu pescoço desenhou-se uma ferida por onde a vida se lhe escapou.

Casamento de D. Pedro e D. Inês

     Estava o rei a meditar enquanto anunciaram a visita de Pedro Coelho, Diogo Lopes Pacheco e de Álvaro Gonçalves. A conversa foi breve: o problema que ali tinha levado os três homens era o mesmo que vinha a atormentar D. Afonso IV há tempos. Os cavaleiros diziam falar em nome do País, e temiam que D. Pedro, dados os acontecimentos, estivesse com ideias de se casar com a castelhana e encarar os seus filhos, até então bastardos, como possíveis sucessores. Isto fez o Rei ficar ainda mais preocupado. E depois veio outro argumento de força: segundo Pedro Coelho, os irmãos Castro visitavam Inês com muita frequência, e conhecendo a sua ambição, era de esperar que se aproveitassem da situação para se relacionarem com o poder. 

     Enquanto a conversa de Pedro Coelho, Diogo Lopes Pacheco e de Álvaro Gonçalves decorria, em Coimbra uma outra se passava: Pedro tinha partido no dia anterior para a Guarda, a pretexto de ir visitar um amigo. Então, D. Fernando e D. Álvaro de Castro aproveitaram essa ausência do príncipe para visitar Inês.

     O objectivo dos dois homens era simples: assim como temia D. Afonso IV, estavam desejosos de poder, e tentaram convencer a irmã de que esta deveria sair do recolhimento em que se encontrava e assumir o título de princesa herdeira de Portugal. Argumentavam que Inês poderia trazer honra à família se o fizesse, já que a sua irmã mais nova, Juana, havia sido repudiada pelo rei de Castela.

No entanto, Inês de Castro não cedeu.

     Aquando estas conversas, D. Pedro galopava em direcção à Guarda. Pretendia visitar um velho amigo, o bispo da Guarda, um homem forte e de meia-idade, filho de uma nobre família lisboeta. Não houve muito que conversar; passadas umas horas, acompanhados pelo escudeiro de D. Pedro e por um assistente do bispo, regressavam a Coimbra.

     No dia que se seguiu à chegada, a pequena capela não se encontrava vazia: à porta do tempo encontravam-se Pedro, o seu escudeiro, o bispo e uma madre abadessa que tinha sido obrigada a prometer sigilo. Inês chegou na companhia de D. Maria, a sua ama, e dos seus irmãos que nem acreditavam na sua sorte. Minutos depois, Pedro e Inês, de mãos juntas, confirmaram o seu amor diante do altar.

      Agora, o príncipe já havia dado a Inês e aos filhos um bom estatuto e tinha garantido a continuidade da dinastia!

Fig. 1: Casamento de Pedro e Inês
Soneto de Inês

Dos olhos corre a água do Mondego
os cabelos parecem os choupais
Inês! Inês! Rainha sem sossego
dum rei que por amor não pode mais.

Amor imenso que também é cego
amor que torna os homens imortais.
Inês! Inês! Distância a que não chego
morta tão cedo por viver demais.

Os teus gestos são verdes os teus braços
são gaivotas poisadas no regaço
dum mar azul turquesa intemporal.

As andorinhas seguem os teus passos
e tu morrendo com os olhos baços
Inês! Inês! Inês de Portugal

SANTOS,José Carlos Ary dos, em Obra Poética

Inês de Castro

"(...)Ó mulher que não és a pecadora cheia de poderes e seduções, a maga imortal, mas o pecado tímido, quente, inocente, sofrido. O teu pescoço nessa arca fria de Alcobaça ainda hoje me faz nadar em lágrimas de piedade e respeito; não sou capaz de o ver sem me ajoelhar ao teu lado, para me recolher em silêncio diante do teu sofrimento e da inocência da tua idade e do teu ser. Foste a pomba que Deus degolou a seus pés quando criou o mundo; o sangue que correu do teu
pescoço é o vermelho sagrado que alimenta o verde da terra e a transparência do mar. É por tua causa, Inês, que a Terra, quando rola no espaço, mostra a cor azul. És o arcano primitivo e definitivo da beleza feminina no mundo.(...)"

FRANCO, António Cândido , in A Rainha Morta e o Rei Saudade


A alimentação

A alimentação medieval era pobre. Muitas vezes a mesa do rei estava cheia de alimentos, em que ninguém tocava, pois apenas serviam para mostrar o poder da Corte.

O povo raramente comia carne, pois esta era cara e os mais pobres não tinham posses para a comprar. Apenas comiam quando lhes era oferecida ou quando o rei a mandava assar em praça pública.
A alimentação do povo consistia em feijões, favas, couves, ervilhas, lentilhas, pão, grão de bico, castanhas ou bolotas, cereais - milho, centeio, cevada, aveia - e vinho.

A Nobreza comia carne, embora a rainha D. Beatriz tenha estabelecido que não deveriam ser servidos mais de três pratos de carne ao almoço e mais de dois ao jantar (ainda comiam sopas, acompanhamentos e sobremesas). Aos comerciantes ricos, eram-lhes permitidos dois pratos de carne ao almoço e um ao jantar (apenas podiam comer peixe, mariscos e ovos se lhes fosse oferecido). Se fossem caçadores, podiam usufruir do que tivessem caçado.

As carnes consumidas eram, normalmente, a carne de vaca, porco, carneiro, boi e cabrito.
Fabricavam-se também vários enchidos, como chouriços. A forma mais frequente de cozinhar a carne era assá-la no espeto. O peixe, especialmente consumido nas classes mais abastadas, era muito apreciado nos dias de jejum estipulados pela Igreja.
 A fruta representava uma grande importância nas dietas medievais.

Foi no século XIV que apareceram também as primeiras mercearias de venda ao público. Os locais de venda eram as tendas.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Naquele tempo

No século XVI, a população era dividida em estratos sociais -hierarquia - e havia trajes distintos para cada grupo. Normalmente falamos da sociedade dividida em Clero, Nobreza e Povo, mas para regras de vestuário, definimos outro tipo de categorias. Ou seja:
  • Família Real
  • Ricos-homens e ricas-donas
  • Cavaleiros-escudeiros
  • Cidadãos com rendimento superior a cinco mil libras
  • Cidadãos com rendimento inferior a cinco mil libras
  • Vilão sem posses para ter cavalo
  • Peões 
Cada categoria tinha definido o tipo de vestuário que podia usar, o número de fatos que podia mandar fazer por ano, o tipo de tecido e o dinheiro que lhe era permitido gastar.

"(...) homens com um rendimento superior a cinco mil libras podiam usar calças de escarlata (tecido encarnado cuja cor era muito cara pela natureza dos pigmentos com que se tingiam os tecidos) e também podiam usar sapatos dourados e um manto enfeitado com peles ou com bordados feitos com fio de prata ou de ouro. Quem tivesse menos de cinco mil libras ficava proibido de usar calças de escarlata mesmo que lhe dessem dinheiro para as poder" 

MACEDO, Maria de Lurdes , em Reis e Rainhas de Portugal




Os mais ricos vestiam seda e enfeitavam as suas roupas com peles valiosas. Os mais pobres usavam uma túnica até ao joelho a que se dava o nome de saio. Tudo em tecido grosseiro e não tingido. Alguns usavam até roupa feita de pele de cabra, carneiro ou lobo.



A rainha D. Beatriz, a sétima rainha de Portugal e esposa de D. Afonso IV, fez leis para determinar modos de vestir de de comer! Começou por determinar o modo como se penteavam as fidalgas e também regulou os diferentes toucados e coifas (redes com que as mulheres cobrem o cabelo) das damas da Corte.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Poema


"Nunca coragem tive para a ti dizer,
palavras não arranjei para meus sentimentos demonstrar,
a ti dama que me fazes chorar
 por desejar e não ter,
por querer e não poder.
Mando entre linhas doces palavras
que meus sentimentos tentam demonstrar,
em tua história querer entrar.


Dia ruim, não foi ao certo, sei
Alma minha, eu ao escuro vi
Sentimento repentino senti
Coração de louco, rebentou
Amor não sei, por ti começou.


Vida, pensei estar acabar
Resolveu, voltar recomeçar
Sempre tua beleza poder abraçar
Tua branca pele poder acariciar
Tua boca, com meus lábios tocar.


Espero, de tua boca resposta
A teu lado sempre poder estar
Em momentos te poder amar
Para nunca te vir a esquecer
Nem tua boca eu vir a perder.


Assina: Pedro"