domingo, 14 de fevereiro de 2010




                Quando D. Pedro chegou a Santa Clara e ouviu o sino da capela tocar, temeu o pior. Ecoava pela terra o toque dos finados, e só lhe restava rogar para que fosse em honra da abadessa. Mas os seus medos confirmaram-se mal ultrapassou o umbral da pequena igreja: Inês jazia, pálida e serena à luz de quatro círios que emitiam trémulas chamas. Ali, abraçado ao corpo da amada, permaneceu horas e horas sem que ninguém se atrevesse a incomodá-lo.

                Inês de Castro foi sepultada no pequeno cemitério conventual. D. Pedro exigiu então saber em pormenor como tudo se tinha passado. Para isso, indicaram-lhe D. Teresa Lourenço, uma jovem noviça que se preparava para professar e que tinha assistido à tragédia.

                Depois de ouvir a narrativa, o príncipe jurou, revoltado, que seria feito justiça. Para isso, exigiu a D. Teresa que entrasse para o seu serviço e esquecesse, até que os assassinos de Inês fossem castigados, a ideia de professar. Assim, encarregou-a de cuidar de seus filhos.

               A procura de justiça por parte de D. Pedro exigia sangue! Revoltou-se contra o pai, aclamando que um rei que se rodeia de assassinos não pode ser digno de governar Portugal.
 O país dividiu-se: na sua maior parte, os nobres permaneceram junto do monarca; o povo, emocionado pela paixão interrompida do príncipe, apoiou-o. D. Pedro declarou guerra ao pai.

              E com essa guerra, veio a fome. Além disso, chuvas intensas fizeram alagar os campos arrasados. A rainha D. Beatriz interveio, e em Agosto de 1355, a paz foi selada, apesar de Pedro nunca ter perdoado o rei.

Quando, em 1357, D. Afonso IV morreu, o filho não o chorou. A primeira coisa que fez ao ascender ao trono foi mandar capturar os assassinos de Inês. 
              Nesse ano, voltou a Coimbra para visitar os filhos que não via desde a morte da esposa. Encontrou-os a brincar com Teresa Lourenço, em quem tinham encontrado uma companheira devota.

              Foi então que a loucura e o desejo ardente por voltar a ver a amada deram os seus frutos: foi como se uma grande e espessa nuvem lhe toldasse a razão. Ao reparar nos cabelos loiros que ondulavam ao vento da ex-noviça, correu para ela chamando pelo nome de Inês. Estava cego de paixão, e nem a resistência de Teresa o demoveu...
 Mais tarde nasceu o pequeno João, que mais tarde seria aclamado Rei de Portugal, com o cognome de Mestre de Avis, e com ele se iniciaria uma nova dinastia.

             D. Pedro conseguiu capturar dois dos assassinos de Inês. Álvaro Gonçalves e Pedro Coelho foram brutalmente mortos em Santarém, numa execução pública

             Estava então cumprida a vingança! Em 1360, o Rei convocou as Cortes para Cantanhede e aí, na presença de todos os representantes do Reino, revelou o seu casamento secreto com Inês, a continuidade da linhagem e lembrou a todos o seu dever de honrar a memória da Rainha falecida.

            D. Pedro I decidiu, ainda, construir dois túmulos em Alcobaça: um para Inês e outro para si próprio.

 imagens:  Julgamento de Inês
               Inês de Castro - O Túmulo
              

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