domingo, 14 de fevereiro de 2010

Inês de Castro

"(...)Ó mulher que não és a pecadora cheia de poderes e seduções, a maga imortal, mas o pecado tímido, quente, inocente, sofrido. O teu pescoço nessa arca fria de Alcobaça ainda hoje me faz nadar em lágrimas de piedade e respeito; não sou capaz de o ver sem me ajoelhar ao teu lado, para me recolher em silêncio diante do teu sofrimento e da inocência da tua idade e do teu ser. Foste a pomba que Deus degolou a seus pés quando criou o mundo; o sangue que correu do teu
pescoço é o vermelho sagrado que alimenta o verde da terra e a transparência do mar. É por tua causa, Inês, que a Terra, quando rola no espaço, mostra a cor azul. És o arcano primitivo e definitivo da beleza feminina no mundo.(...)"

FRANCO, António Cândido , in A Rainha Morta e o Rei Saudade


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